Olhar sobre o surf By Women

Olhar sobre o surf By Women

O curta “By Women”, dirigido pelas fotógrafas Sam Manhães e Anna Verônica, conta a história de mulheres que vivem do surf, através de uma prancha shapeada totalmente por mulheres.

A prancha é a personagem principal, uma fish biquilha alaranjada e bolachuda, que vai passando de mão em mão, mostrando a relação de cada mulher com o surf.

Shapeada por Davênia Ferraz no Rio de Janeiro, laminada por Diana Nunes no Guarujá, com quilhas feitas artesanalmente por Agnes Serafin em Cabo Frio, a pranchinha assinada By Women ganha vida nos pés das surfistas profissionais Yanca Costa, Silvana Lima, Chloe Calmon, Evelin Neves, e as surfistas da nova geração Sarah Ozório e Sofia Tinoco.

Pouco se fala sobre mulheres fazendo pranchas, de acordo com Sam, provavelmente essa foi a primeira prancha feita integralmente por mulheres no Brasil. Assim como em outros esportes, o surf foi por muito tempo um espaço majoritariamente masculino, hoje as empreendedoras do surf estão mudando esse cenário.

“As oficinas nunca foram um lugar receptivo para ninguém, são poucas as pessoas dispostas a ensinar o que sabem. Mas pra além das dificuldades, também tem mulher shapeando, só que desassistidas, apagadas e inviabilizadas no mercado” – diz Sam

Diferente da maioria dos filmes de surf brasileiro, o elenco é formado todo por mulheres, e a produção é quase toda feminina também. Um filme feito por mulheres e para mulheres.

REPRESENTATIVIDADE NO SURF

Entre lindos takes de surf na cidade maravilhosa, o curta também mostra o processo para shapear a prancha, intercalado com cenas de uma senhora lavando louça e fazendo comida. A cena representa o desafio dessas mulheres multifuncionais que equilibram a vida profissional e a vida pessoal, e a presença indireta de mulheres que não estão no mundo do surf, mas contribuíram para que outras mulheres estivessem.

Sam Manhães contou ao podcast VA surfar GINA da Flamboiar sua intenção ao fazer essa correlação entre as mulheres: que as pessoas de onde veio se enxergassem e se identificassem também.

“Que elas pudessem assistir alguma coisa sobre surf que de fato contasse um pouco de histórias de pessoas que elas conhecem. Minha vó, que nem nada, pouco vai ao mar, mora em Seropédica, poder assistir esse filme e se identificar de alguma maneira como uma mulher que possibilitou pra que eu estivesse lá”, diz.

O texto em off conta as belezas e as dores de ser mulher no mundo do surf e na sociedade. Normalmente apresentadas ao surf por uma figura masculina, as mulheres passaram a criar sua própria história no mar, em uma jornada incansável para encontrar suas versões mais fortes de si mesmas.

“Se é pra falar de mulher, a gente não pode falar de uma coisa só porque nós somos um milhão de coisas.” – Sam Manhães

O curta já estreou em julho, mas ainda não está aberto ao público pois está concorrendo à alguns prêmios de festival de cinema. Em breve estará disponível nas redes sociais das fotógrafas Sam Manhães e Anna Verônica.

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